Sunday, March 18, 2007

zoologologias


Frank Stella, nos seus primordios, disse what you see is what you see. Não sei exactamente o que é que o Stellas via, mas pintava umas belas e negras riscas. O que me agrada nelas é o seu cheiro a ritual - um ritual que não sendo absolutamente puro, parece querer purificar o olhar do lixo visual. O aspecto higienista da arte abstracta mais geométrica e bem-feitinha está no entanto ausente das primeiras obras de Stella /(as de que gosto), sensualmente omnipresente na fase que lhe sucede, e completamente ausente a partir de certa altura. Nalgumas pequenas séries, como na obra acima, fiz o criticismo possível de Stella ao pensar em imaginárias ramificações a inexistentes rituais - há algo de zoológico e «cosmológico», como se os ritmos que Stella sugere se encontrassem em qualquer parte deste vaste universo - são esses ritmos que são assimilados nos padrões, miméticos ou não, do mundo animal. Logos de segundo grau. Há uma frase de Nietszche que me sussurra como um leitmotiv : «natureza é um carnaval divino». Os diagramas nascem da epiderme - como um espelho animal que acompanha os estados do mundo.

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