Wednesday, March 21, 2007

uma abstracção não-iconoclasta


A ideia de que a militancia na causa «abstracta» é necessáriamente iconoclasta provém de um medo das imagens e da sobrepovoação - deus (e alguns argumentos de peso) defendernos-ia do excesso e da magia
as figuras geométricas e as cores são imanentes, e como tal actuam como forças e sensações (o que é sensação é eficácia)
Leonardo e Durer, entre outros, eram tremendos «abstraccionistas» e retomaram fecundamente o legado pitagórico - eram tudo menos iconoclastas
a causa iconoclasta nasce também de um horror a tudo o que é sexual, demonizando tudo à sua volta - há um prazer em anatemizar, em excomungar, em queimar em praça publica
o modernismo, nos seus aspectos mais heroicos, foi pródigo nestas acções onde imperava o espirito de seita - nós aceitamos a herança modernista, mas não o seu terrorismo
a causa da abstracção é de abertura, de conquista do «aberto», não de enclausuramento e bárbaros e elitistas sectarismos

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