Wednesday, March 14, 2007

baba e abstracção


os sistemas quando se organizam nas formas mais simples seguem ritmos e padrões que recolhem a partir de transformações do aleatório/indeterminante - essa é a importância do ornamento, e das formas geométricas


os sinais gráficos deixados pelo neolítico dão testemunho de um prazer rítmico - a repetição e ritualização levam a estados psiquícos diversos, hipnóticos, alucinatórios, calmantes, frenitizantes onde o «homem» experimenta situações muito diferentes dos habituais - as formas «abstractas» são intoxicantes, funcionam como drogas, participam no «burlesco» da «magia». A «abstracção» deixa baba - por isso prefiro falar de babastracção - há uma profunda lubricidade inerente aos mais rigorosos formalismos. É graças a esse lúbricidade que o divino acontece.


pensar no «espiritual» e na «ciência das formas» como algo oposto à carne ou à excitação sexual é ignorar a experiência concreta - os quadrados e as demais formas geométricas são tremendamente sensuais e em muitos casos provocam um enorme tesão, o que, diga-se de passagem (embora pareça uma anedota sobre um «português») é perfeitamente natural


é certo que costumamos associar a abstracção ao iconoclasma, ao mêdo do hibridismo e da sexualidade, e consequentemente ao puritanismo - as culturas puritanas têm que sublimar em qualquer coisa, e em ultima instância «figuram» o que lhes parece menos figura


a abstracção, tal como a praticam os puritanos é hipócrita, é o equivalente da pornografia clandestina, envergonhada e de má-consciência (precisamente o contrário de uma pornoecologia)


no tantrismo o uso geométrico é inequívoco - os yantras são usados para a «meditação», frequentemente acompanhada de mantras - a sexualidade flui neles naturalmente como um encaminhamento para o samadhi

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